domingo, 7 de novembro de 2010

O PRIMEIRO DIA DA VIRADA CULTURAL: TUDO DE BOM


PRIMEIRO DIA DA VIRADA CULTURAL
Simplesmente sensacional

                Minha peregrinação artística e cultural, neste sábado, acabou no apoteótico show da banda Pato Fu - com aquela voz doce e linda da Fernanda Takai – já na madrugada de domingo. Cansado, mas extasiado pelo dia incrível (quero mais, quero mais...), retornei para casa, mas somente para um pit-stop rápido (recarregar a bateria), e já às 11h da manhã, deste domingo, curtir a Copacabana Club, no Palco Ruínas.
                O início da programação deste sábado não começou como eu queria, pois a Homenagem ao Ivo Rodrigues, no TUC, atrasou muito, e não puder estar presente, para reverenciar o nosso maior roqueiro de sempre. Mas a frustração passou logo. A 200 metros dali, em frente ao Paço, na Praça Generoso Marques, assisti, emocionado, a apresentação por mim mais esperada, nesta Corrente Cultural: Paulinho da Viola e Orquestra À Base de Cordas. E explico o porquê de tamanha expectativa. Primeiro, a oportunidade de ver um nome de primeira grandeza da MPB, se apresentando acompanhado de músicos locais. Em segundo, admirar a qualidade do trabalho da Orquestra, comandada pelo grande João Egashira. E por último, e definitivo, o prazer de escutar Paulinho da Viola. Generosidade e simplicidade em pessoa. Ser humano sem igual. Mesmo com seu brilho intenso e próprio, fez com que cada aplauso do grande público fosse dividido por todos que estavam no palco. Ao conversar com o amigo Julião Boêmio – compositor e instrumentista curitibano, virtuose do cavaco e membro da Orquestra – saindo do palco, pude medir sua emoção: “ Pô,meu... o cara é um  Villa-Lobos, um Tom Jobim do samba... e é igual à gente...”  Creio que Julião acertou em cheio na definição de Paulinho: GENTE (com letra maiúscula mesmo ). Faço minhas as palavras do Djavan, num trecho da música “Nobreza”, feita por ele, em homenagem a Paulinho da Viola:
“... Nossa velha amizade nasceu, de uma luz que acendeu, aos olhos de abril.                                                                        
Com cuidado e espanto eu te olhei, no entanto você sorriu.
Concedendo-me a graça de ver, talhada em você, a nobreza de frente...
O amor se desnudando, no meio de tanta gente...”

                Após o apoteótico final do show do Paulinho e Orquestra, com “Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida”, me deixei levar, com o coração e alma lavados, até a Praça da Espanha, onde se apresentariam Hermeto Pascoal, Aline Moreno e Orquestra Sinfônica do Paraná, regida pelo maestro Alessandro Sangiorgi. O casamento, no meu entender, não deu muito certo. Embora individualmente, tanto Hermeto e Aline, quanto a OSP, brilhassem, como era esperado, pela qualidade de ambos, pareceu-me dois shows dentro de um, sem uma unidade. E ainda prejudicados pelo desconforto do local, pois o palco ficou em lugar muito alto, forçando o público a um exercício de contorcionismo para enxergar bem. O som também foi empecilho, já que não estava perfeitamente ajustado, dificultando para se perceber todas as “vozes” da Orquestra. Creio que o local seja mais indicado para shows agitados, de bandas de rock, ou similares. Para a sensibilidade de uma Orquestra ficou a desejar. Mas mesmo assim, os protagonistas conseguiram, por sua genialidade, contornar todos os transtornos, e mostrar um bom espetáculo.
                De volta ao Palco Riachuelo (Praça Generoso Marques), hora de curtir a apresentação de Sandra de Sá. Gosto do swing e da levada de Sandra, mas confesso não ser um fã incondicional da carioca. Porém, o que se viu no palco me fez acrescentar muito mais pontos para ela, no meu ranking pessoal de ídolos. Sandra levantou e sacudiu a poeira da Praça. Até o Barão do Rio Branco, altivo e eterno em sua base de pedra, não resistiu e caiu na dança. Se Paulinho da Viola foi um Rio que passou pela Generoso, Sandra de Sá foi um furacão. Que energia. Com citações inteligentes, palavras de ordem, enaltecendo o Brasil e Curitiba; se posicionando no atual momento político brasileiro, incentivando tanto os que votaram no governo como os que votaram contra, a torcerem por um Brasil de paz; levantando a bandeira importante da negritude, da igualdade e da justiça; mas acima de tudo, enlouquecendo a galera. Empurrada por uma ótima banda, Sandra fez Curitiba dançar ao som de velhos e novos hits. O final, com “Sarará Criolo” foi de arrasar. Ficou um gosto de até breve. Volte logo, Sandra.
                Em minha agenda, o início da noite previa o show do Rei Roberto Carlos, no Centro Cívico. Mas, minha empolgação com o show do Paulinho da Viola, e a emoção de ver músicos curitibanos acompanhando o mestre, com tamanha qualidade e talento, me fez alterar os planos. Fiquei sabendo que o Julião Boêmio se apresentaria no Beto Batata, às 9 da noite. Me perdoe, meu Rei Roberto, mas fui curtir um choro de primeira. Julião, acompanhado de Vina Chamorro (será que dá prá tocar violão de 7 cordas mais que o Vina?  Acho que não...) e o querido, carismático e competente Ricardinho Salamaso, na percussão. Que trio. Por mais de uma hora pude saborear a arte, a beleza que é o chorinho. Ritmo que parecia estar fadado a desaparecer, hoje renasce de forma linda, através de excelentes músicos curitibanos. Julião apresentou somente composições próprias, de impressionante qualidade, e ainda nos brindava com a estória de cada uma delas. Após as descrições hilárias, pitorescas e emocionantes, cada choro parecia ganhar vida aos nossos ouvidos. Seu novo CD “Feijão no Dente” é imperdível. Destaco a faixa “Bituquinha”, minha preferida.
                Saí do Beto Batata certo de que nossa música, nossa arte, a arte da gente curitibana, nada deve a ninguém. Falta, é certo, apoio para tanto talento, tanta qualidade. Para que não fiquem, estes grandes artistas, limitados às fronteiras da nossa cidade. E segui para o Alto do São Francisco, finalizar o meu dia ouvindo Pato Fu. E a Fernandinha Takai me disse:  “...E eu nem sinto os meus pés no chão...”.  Eu também não... mas a alma viajava nas alturas, leve e solta, depois de tanta beleza. E hoje tem mais. Copacabana Club, Mart’nália e finalizar com o Tremendão Erasmo Carlos. Dá prá perder?


DE BOLA FALAMOS SEGUNDA-FEIRA


                Galera... de bola  falamos segunda. Atlético no Rio, contra o Flamengo. Paraná em Natal... mais uma do América/RN:  virou freguesia...  Coxa no céu: rodada perfeita –VAMOS SUBIR, COXA!!!  Fórmula 1 em Interlagos...  Volei... nossa, muita coisa prá segunda.

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