quarta-feira, 13 de abril de 2011

O PRIMEIRO TÍTULO TRICOLOR.


 
 08/12/1991. UMA DATA PARA NUNCA MAIS ESQUECER

O ano de 2011 é especial para o Paraná Clube: comemora os 20 anos da conquista do seu primeiro Campeonato Estadual. Em 1991, menos de dois anos após a sua fundação, o Tricolor chegaria à conquista do título depois de uma longa batalha. Naquele ano a Federação Paranaense inovou, ao confirmar o regulamento da disputa por pontos corridos. Ato que desagradou a muitos, mas que certamente trouxe muita emoção àquela competição.
Com uma Comissão Técnica competente, composta por excelentes e consagrados profissionais, comandados pelo técnico Otacílio Gonçalves (auxiliar técnico da Seleção Brasileira, na ocasião) e pelo preparador físico Carlinhos Neves (hoje, responsável pela função na Seleção Brasileira); e contando ainda com um elenco composto por atletas de qualidade - do qual me orgulho de ter feito parte - o Paraná Clube, para chegar à conquista, obteve 17 vitórias e cinco empates, sendo derrotado apenas quatro vezes. Quero relembrar alguns momentos da reta final.
A antepenúltima rodada do Campeonato marcava a partida Paraná Clube x Atlético/PR, na Vila Capanema. Em caso de vitória, garantiríamos o título com duas rodadas de antecedência. Porém o rubro negro nos surpreendeu. Venceu por 1x0, diminuiu a diferença na classificação e entrou diretamente na disputa pelo “caneco”.
Na última rodada jogariam Coritiba x Paraná Clube, no Couto Pereira, e Atlético/PR x Londrina, no Pinheirão. O Paraná se sagraria campeão com um empate frente ao Coxa, enquanto que o rubro negro contava com uma derrota Tricolor e com uma vitória sobre o Londrina, para forçar uma partida extra, que decidiria o título.
E chegou o dia 08/12/1991. Domingo de sol. Couto Pereira lotado, pintado de azul, vermelho e branco. Tudo pronto para a festa do primeiro título Tricolor. Mas os jogadores Coxas não estavam muito interessados em facilitar as coisas. Nardela, Pachequinho, Jorjão, Heraldo, o goleiro Luis Henrique, enfim, toda a equipe Coxa, correu e se empenhou muito em busca da vitória. Pela metade do primeiro tempo, o “baixinho” Pachequinho fez 1x0, de cabeça, escorando um cruzamento de Nardela. O Atlético vencia o seu jogo por 2x0. E nós não conseguíamos superar a boa marcação do alviverde.
Veio a segunda etapa, e com ela o nervosismo. O tempo passava e nada do empate, que nos daria o título. E para piorar, o Coritiba ainda armava uns contra-ataques muito perigosos. Lá pelos 20 minutos, uma falta no meio de campo, em nosso favor. Rapidamente, o volante Marquinhos Ferreira tocou-me a bola. Girei o corpo e segui rumo ao gol alviverde. Com a movimentação dos nossos atacantes se abriu um espaço pelo lado direito da defensiva Coxa. O lateral esquerdo Ednélson, percebendo a lacuna deixada no setor, correu em diagonal, pedindo que eu lhe passasse a bola. Ao notar a movimentação de Ednélson, efetuei o passe, com o lado de fora do pé (o famoso “três dedos”), para não perder tempo em ajeitar a bola e o corpo para um passe com maior precisão. E saiu perfeito.
Ednélson dominou a bola com perfeição, ganhou do marcador na corrida, e chutou forte, de perna esquerda, cruzado, no canto esquerdo do goleiro Luis Henrique. A bola, caprichosamente, ainda bateu na trave, antes de entrar. Gol!!! Gol do título!!! Gol do primeiro título da história do jovem clube, de um ano e meio de idade, mas que já nascia campeão.
Daí até o final do jogo confesso que não me recordo de quase nada. A angústia em ouvir o apito final do árbitro Afonso Vitor de Oliveira era enorme. E veio o tão esperado apito. E com ele a multidão enlouquecida de paranistas que invadiram o gramado, para festejar conosco a conquista. Obtida, dentro de campo, através do nosso esforço e suor. Mas que era deles, de cada Tricolor ali presente, que com seu grito e entusiasmo, com sua paixão, nos impulsionou à conquista.
Chorei. Choramos todos. E entre abraços, lágrimas e sorrisos, consegui guardar apenas a camisa daquele jogo, prometida à minha mãe. O resto (com exceção da sunga, claro) ficou com os torcedores.
Aquele 08/12/1991 foi um dos dias mais felizes de minha vida. O grito de É CAMPEÃO!!! entoado com força pela galera paranista ainda ecoa fundo, em minha memória. Aqueles rostos, anônimos, em êxtase, ainda vagam pela lembrança. Pode haver sentimento mais sublime, mas a sensação de uma vitória, de uma conquista, de um título, como este, é eterna.
Parabéns, Tricolor, pelos 20 anos deste inesquecível tirunfo. E que muitos mais ainda estejam por vir.

4 comentários:

  1. Valeu meu amigo e um dos meus eternos ídolos Tricolores! você foi um dos "monstros sagrados paranistas" que tornou esse dia inesquecível para uma linda nação de torcedores.
    Só quem esteve lá dentro pode definir com tanta clareza e emoção.
    Parabéns e obrigado pelos espetáculos da antiga nos gramados e muito sucesso nessa nova caminhada na imprensa.

    Airton Lima

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  2. Sem duvida Serginho, o verdadeiro craque da camisa 8, vc e aquele pessoal de 91 estão marcados na memória da torcida e dúvido que possamos ter outra equipe como aquela!

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  3. se não fosse aquele 11 enfiando aquela bola pro Ednelson......ô tempo bom....onde caísse a bola tinha alguém que entendia do riscado......

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  4. Sensacional.
    Que dia foi aquele. 1o título, 1a alegria como torcedor, apesar de pequena idade.
    Mas esses dias ainda voltarão ao Tricolor.
    Abraços, craque.

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