quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Muita água para apagar um "incêndio" tão pequeno


Queria deixar bem clara a minha posição em relação ao conflito criado pelo manifesto dos atletas do Paraná Clube, que em uma carta assinada por quase todo o elenco, e tornada pública, expõe a situação atual do clube, onde profissionais do futebol e demais funcionários estariam com mais de dois meses de salários atrasados, 13º salário e Férias (que deveriam ter sido pagas em dezembro de 2011) ainda não quitadas, e condições inadequadas de trabalho.

A situação é grave e transcende a situação de se “defender” esse ou aquele lado. A direção erra em não dialogar com os atletas e funcionários de forma clara e objetiva, mostrando quais são os planos, de curto e médio prazo, para resolver a situação. Nenhum trabalhador deve trabalhar e não receber os seus salários, independente de quanto ganha e qual o destino do dinheiro recebido. A grande maioria dos assalariados trabalha pela sobrevivência, e no seu ordenado está o sustento dele e de sua família.

Os atletas poderiam tratar o assunto internamente, não expondo o clube a um constrangimento. O que se deve saber é se realmente as tentativas de conversa já não foram esgotadas ou se a direção trata desse assunto com os seus subordinados. Isso só poderemos saber se as partes se manifestarem.

O que de real se percebe nessa confusão toda, é uma falta de comunicação total entre direção e funcionários. Essa seria a função do executivo Alex Brasil, mas que parece não vem sendo cumprida de acordo. Cabe a ele, elo entre a diretoria, profissionais do futebol e funcionários, manter o ambiente em boas condições e todas as partes em convívio harmonioso. Isso se torna difícil, quando existem dívidas e atrasos de salário, mas é inerente ao cargo, e deve ser executado bem, sob pena de descontrole completo, como parece ser o caso.

Agora, querer crucificar somente os atletas, atrelando o pagamento de salário aos resultados obtidos dentro do campo é um equívoco completo, além de uma leviandade sem tamanho. E se as condições técnicas do grupo não permitem melhores resultados? O clube teria o direito de deixar de remunerá-los por isso? Como em qualquer empresa, os funcionários inaptos aos cargos devem – e de fato são – ser demitidos. Mas tem a empresa o direito de exigir um rendimento maior que a qualificação do trabalhador, com a ameaça de não pagamento dos salários se esse trabalhador não atingir a meta abusiva?

Os resultados das partidas de futebol dependem de tantos fatores, que nunca deveriam ser usados como parâmetro ou condicional para nada. Principalmente para se pagar ou não o salário de alguém. Por experiência própria, basta o presidente (ou alguém da diretoria que tenha poder) reunir os atletas, e olho no olho, mostrar que o clube se interessa por seus funcionários e o que está de fato fazendo para resolver a situação. É um incêndio que pode ser apagado com pouca água.

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