Queria deixar bem clara a minha posição em relação ao
conflito criado pelo manifesto dos atletas do Paraná Clube, que em uma carta
assinada por quase todo o elenco, e tornada pública, expõe a situação atual do
clube, onde profissionais do futebol e demais funcionários estariam com mais de
dois meses de salários atrasados, 13º salário e Férias (que deveriam ter sido
pagas em dezembro de 2011) ainda não quitadas, e condições inadequadas de
trabalho.
A situação é grave e transcende a situação de se “defender”
esse ou aquele lado. A direção erra em não dialogar com os atletas e funcionários
de forma clara e objetiva, mostrando quais são os planos, de curto e médio
prazo, para resolver a situação. Nenhum trabalhador deve trabalhar e não
receber os seus salários, independente de quanto ganha e qual o destino do
dinheiro recebido. A grande maioria dos assalariados trabalha pela
sobrevivência, e no seu ordenado está o sustento dele e de sua família.
Os atletas poderiam tratar o assunto internamente, não
expondo o clube a um constrangimento. O que se deve saber é se realmente as
tentativas de conversa já não foram esgotadas ou se a direção trata desse
assunto com os seus subordinados. Isso só poderemos saber se as partes se
manifestarem.
O que de real se percebe nessa confusão toda, é uma falta de
comunicação total entre direção e funcionários. Essa seria a função do
executivo Alex Brasil, mas que parece não vem sendo cumprida de acordo. Cabe a
ele, elo entre a diretoria, profissionais do futebol e funcionários, manter o
ambiente em boas condições e todas as partes em convívio harmonioso. Isso se torna
difícil, quando existem dívidas e atrasos de salário, mas é inerente ao cargo,
e deve ser executado bem, sob pena de descontrole completo, como parece ser o
caso.
Agora, querer crucificar somente os atletas, atrelando o
pagamento de salário aos resultados obtidos dentro do campo é um equívoco
completo, além de uma leviandade sem tamanho. E se as condições técnicas do
grupo não permitem melhores resultados? O clube teria o direito de deixar de
remunerá-los por isso? Como em qualquer empresa, os funcionários inaptos aos
cargos devem – e de fato são – ser demitidos. Mas tem a empresa o direito de
exigir um rendimento maior que a qualificação do trabalhador, com a ameaça de
não pagamento dos salários se esse trabalhador não atingir a meta abusiva?
Os resultados das partidas de futebol dependem de tantos
fatores, que nunca deveriam ser usados como parâmetro ou condicional para nada.
Principalmente para se pagar ou não o salário de alguém. Por experiência
própria, basta o presidente (ou alguém da diretoria que tenha poder) reunir os
atletas, e olho no olho, mostrar que o clube se interessa por seus funcionários
e o que está de fato fazendo para resolver a situação. É um incêndio que pode ser
apagado com pouca água.
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