quarta-feira, 23 de março de 2011

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DO "CABEÇA": Cianorte 3x0 Corinthians Paulista


Cianorte 3x0 Corinthians Paulista

Final do ano de 2003. O então iniciante técnico de futebol Caio Jr. me convidou para trabalhar, como seu auxiliar técnico, na recém promovida equipe do Cianorte. De pronto aceitei o convite. Viajamos para o noroeste do estado e iniciamos um árduo trabalho de montagem do elenco para 2004. E nesta temporada ganhamos o título do interior, ficando em 3º lugar no Campeonato Paranaense. Esta campanha nos credenciou a disputar a Copa do Brasil de 2005. E este é o tema de hoje: o incrível jogo contra o Corinthians Paulista.
                Na primeira rodada da Copa do Brasil de 2005, o Cianorte foi sorteado para enfrentar o CENE, equipe de Campo Grande/MS. Vencemos por 2x1, em casa, e fomos derrotados pelo mesmo placar, em Campo Grande. Vencemos nos pênaltis. E esta vitória nos credenciou a enfrentar o poderoso Corinthians Paulista, na próxima fase. O Timão estreava Tevez, Mascherano e o treinador Daniel Passarela. Naquele momento, era, sem dúvida, a equipe mais badalada do futebol brasileiro.
                Pelo regulamento, até a segunda rodada da Copa do Brasil, a equipe que consegue vencer, jogando como visitante a partida de ida, por mais de um gol de diferença, já garante a classificação para a terceira rodada, sem necessidade do jogo de volta. E esta era a expectativa. Poucas pessoas acreditavam na possibilidade de levarmos a decisão para o jogo de volta, em São Paulo. Creio que somente nós, que trabalhávamos e vivíamos o dia-a-dia da equipe, vislumbrávamos um resultado que nos proporcionasse disputar a segunda partida.
                Pela grandiosidade o evento, o jogo seria disputado na cidade de Maringá, pois o estádio de lá comporta 30.000 assistentes, bem diferente da capacidade do estádio de Cianorte, que é de 3.000 pessoas. Vale destacar que a região norte do estado do Paraná é de colonização paulista. E o público local torce pelas equipes paulistas, em especial, o Corinthians. Portanto, além de segurar o poderoso Timão, ainda enfrentaríamos um estádio cheio de torcedores do rival.
                O Cianorte retornou ao futebol profissional somente em 2002. O clube ainda não tinha três anos de vida e já encararia esta parada dura. Difícil dentro do campo e em termos de organização. Tanto eu como o Caio Jr. nos desdobramos para auxiliar, no que nos fosse possível, os dirigentes na organização de tal evento. Na tarde do jogo, auxiliamos o supervisor Fabiano (Xhá)- ex-preparador físico da equipe - a separar as centenas de credenciais da imprensa, que deveriam ser distribuídas antes da partida. Eram muitos os detalhes e sozinho, Fabiano não daria conta.
                Enfim chegou a hora do espetáculo. Depois de uma brilhante preleção de Caio Jr., onde ele elevou o moral do grupo ao máximo, na expectativa de que os atletas pudessem, dentro do possível, entrar em campo seguros e confiantes, rumamos ao estádio. Uma verdadeira multidão se espremia em longas filas. Dos vestiários partimos para o aquecimento dentro de campo, lado a lado com os atletas corintianos, que levavam à loucura os mais de 30.000 fanáticos torcedores.
                E a bola rolou. Foi o jogo transmitido pela Rede Globo, para todo o Brasil, e para vários países, pela Globo Internacional. O Cianorte, modesto clube do noroeste do Paraná, era o centro das atenções do futebol brasileiro. E nem eu, nem o Caio Jr., e nem o mais otimista dos torcedores ou dirigentes poderia imaginar o desfecho da história desta partida: Cianorte 3x0 Corinthians, com direito ao terceiro gol, numa linda “bicicleta”, do centroavante Márcio. E poderia ter sido de mais. Na segunda etapa, principalmente, desperdiçamos algumas oportunidades de ampliar o marcador. Tudo funcionou perfeitamente. O esquema defensivo anulou as “estrelas” do Corinthians e o nosso ataque foi fulminante.
                Pelo rádio, eu e o Caio Jr. conversávamos, incrédulos, não sobre o que fazer para melhorar, mas sobre o que fazer para não deixar cair o excepcional rendimento. Ao final, com os 3x0 definidos, foi só comemorar. Os abraços misturavam-se a sorrisos, lágrimas e suor, dentro do vestiário. Foi a vitória do pequeno sobre o gigante.
                Ah... o jogo da volta? Fica para outro dia, em outro artigo. Quero ficar, mais um pouquinho, com a doce lembrança de cada segundo daquela noite inesquecível.

Um comentário:

  1. esse jogo foi inesquecivel para o povo de Cianorte e eu como torcedor agradeço a vcs, muito obrigado. LEONARDO NARDI

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