segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Lenine: uma viagem

Terça-feira. "Dia de poesia". Hoje, com um pouco da obra de um pernambucano genial, efervescente, uma mistura de maracatu atômico com mangue beat...  uma explosão de doçura, pura lindeza... Lenine!
Para muitos, o poema musicado se prostitui, se desorienta... para mim, com mais de uma letra já se faz poesia, que embalada em acordes, faz viajar...






O que é bonito?


O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou não...

                Eu gosto é do inacabado
                O imperfeito, o estragado
                O que dançou...

                                Eu quero mais erosão
                                Menos granito
                                Namorar o zero e o não
                                             
                                              Escrever tudo o que desprezo
                                              E desprezar tudo o que acredito
                                                            
                                                           Eu não quero a gravação,
                                                           Eu quero o grito
                                           
                                             Que a gente vai, a gente vai
                                             E fica a obra

                                Mas eu persigo o que falta
                                Não o que sobra

                 Eu quero tudo
                 Que dá e passa

Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça





A Medida da Paixão



É como se a gente
Não soubesse
Prá que lado foi a vida
Por que tanta solidão?
E não é a dor
Que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão...


Foi!
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi!
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou...


É como se a gente
Pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração...


Foi!
O amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Nem me avisou!
Foi!
O amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou...








Distantes Demais

Somos Somente a fotografia.
Dois navegantes perdidos no cais
Distantes demais.

Somos instantes, palavras, poesia
Dois delirantes ficando reais
Distantes demais.

Noites de sol, loucos de amar,
Quem poderia nos alcançar.
Eu e você, sem perceber,
Fomos ficando iguais,
Longe,
Distantes demais.




É o que me interessa


Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem.
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.




O Silêncio das Estrelas


Solidão, 
o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal

E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?

Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais, 

de mais...
Afinal, feito estrelas que brilham em paz, 

em paz...









Nenhum comentário:

Postar um comentário