quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Samba do Compositor Paranaense é 10




O CD “Samba do Compositor Paranaense – etapa 2010” será lançado oficialmente nesta sexta-feira (28), em um show que acontecerá no Canal da Música, com início marcado para as 20h, onde serão apresentadas as 12 músicas selecionadas nas etapas do projeto, realizadas entre março e novembro de 2010.
Nesse período, no último domingo de cada mês, um corpo de jurados especializados, composto por professores, músicos, maestros e especialistas do samba, como Waltel Branco (músico, arranjador e produtor musical mundialmente conhecido) e Maé da Cuíca (sambista e fundador da Escola de Samba Colorado, a primeira do gênero em Curitiba), escolheu entre os inscritos para aquela etapa, uma música, que já ficou selecionada para integrar o CD. Após a 10ª etapa, se realizou uma “repescagem”, quando mais duas composições foram “pinçadas”, completando as 12 faixas do disco.
O Projeto

Ricardo Salmazo, Xande da Cuíca, Gusta Proença e Léo Fé

O “Projeto Samba do Compositor Paranaense”, idealizado pelos músicos Ricardo Salmazo, Léo Fé e Xande da Cuíca, nasceu da necessidade de se dar espaço e voz ao crescente número de sambistas e compositores participantes do “Terreiro do Combinado”, evento que reunia, na casa de Salmazo, os sambistas carentes de um “palco” onde poderíam mostrar suas novas criações.
Com o apoio da Fundação Cultural e da Prefeitura de Curitiba, e com o patrocínio da Celepar, que pela Lei de Incentivo Fiscal do Município pode financiar 100% do projeto, a idéia saiu do papel e se tornou realidade. O custo de todas as etapas, em forma de festival e os valores gastos na produção, confecção e gravação do CD, produto cultural resultante do projeto, estavam assegurados.
O CD
São doze faixas, produzidas e arranjadas pelo já consagrado instrumentista curitibano Julião Boêmio. Gravado no estúdio SOLO, entre abril de 2010 e maio de 2011, contou ainda com uma seleção de instrumentistas de primeira grandeza no cenário musical de nossa capital, como Vinícius Chamorro, Sérgio Coelho, Daniel Miranda, Clayton Silva, Gabriel Schwartz, além do próprio Julião, entre muitos outros.

As 12 escolhidas para o 1º CD do Samba do Compositor do Paraná:
1.        A Hora do Samba   (Léo Fé / Xande da Cuíca / Ricardo Salmazo)
2.        Delírio do Poeta   (Claudio Peba)
3.        Samba do Galinho no Poleiro   (Carla Colvara)
4.        Queixa   (Renato Lucce)
5.        Vento Beira-Mar   (Mariana Souza / Gui Miúdo)
6.       Amor Não é Remédio   (Isso Fischer / Etel Frota)
7.        Lua Já veio   (Pri Pontes / Elias Fernandes)
8.       Não Dou Sorte com Mulher   (Hardy Guedes)
9.        Mar Grande   (Gusta Proença)
10.   Eterno Aprendiz   (Júlio Morais / Wandeco)
11.   Samba em Ré   (André Drabeski / Lucas Mion)
12.   Aviso   (Renato Lucce)

O Projeto em 2011
Depois da primeira experiência em 2010, algumas mudanças de rumo foram tomadas pelos organizadores do projeto e pelos sambistas participantes. A ênfase à competição deu lugar a valorização da fidelização ao ideal de que o Samba do Compositor Paranaense se torne uma instituição, um espaço cultural efetivo, que reúna a comunidade dos músicos e compositores de samba, preocupados não somente em gravar discos, mas sim de apresentar e divulgar a sua arte.

A roda está formada. É o Samba do Compositor Paranaense

A expectativa é de que o Projeto se transforme em referência de qualidade para todos os músicos do país. Segundo os organizadores, alguns compositores surgiram do projeto. Músicos que não compunham se descobriram compositores durante as segundas-feiras de roda.
Outro item importante a se destacar é o alcance da composição. O maior prazer do compositor, mais do que o ganho financeiro, é o retorno do sentimento, como destacou Xande da Cuíca.
“O Bruno fez uma música chamada “Nesse Palco” e cantou-a recentemente na roda das segundas. O Olinto (Simões, diretor de teatro), que frequenta costumeiramente os encontros, emocionado, chegou a chorar, dizendo que a música retratou o sentimento dele de estar  em um palco. A ponte então se fez: o compositor atingiu o seu objetivo, emocionar o seu público”, contou Xande.
O grande desafio dos organizadores para 2012 é expandir o projeto para o interior do Paraná. Para isso, contam com o apoio também da TV Educativa, que tem intenção de auxiliar a levar o Samba do Compositor, de fato, para todos os paranaenses.
Bate Papo
Em uma conversa descontraída – como pede o samba – Ricardo Salmazo e Xande da Cuíca falaram sobre o projeto: passado, presente e futuro. E sobre a importância desse espaço conquistado pelo samba do Paraná.
Banda B (BB):  Como foi o começo, o embrião do “Projeto Samba do Compositor Paranaense”?
Ricardo Salmazo (RS):  A gente já fazia os encontros de samba autoral lá em casa, que era conhecido como o “Terreiro do Combinado”, pelo Combinado Silva Só (grupo de samba de raiz de Curitiba, do qual Ricardo, Xande e Léo Fé fazem parte). Daí a coisa cresceu e pintou a necessidade de mais espaço, mais estrutura, para podermos ouvir, conhecer e divulgar os sambas de tantos compositores bons. Conversando com Léo e com o Xande, descobrimos a Lei de Incentivo Fiscal Municipal (LIF) e deu certo.  Montamos um sistema de competição que durava o ano inteiro, onde se escolheriam 12 músicas para o CD.
(BB):  Quando foi isso?
(RS):  O projeto é de 2008. Demorou dois anos para começar, em 2010.  A captação de recursos que é a parte mais demorada.
(BB):  E qual era o principal objetivo?
(Xande da Cuíca):  A intenção era e ainda é fomentar a constante criação cultural, envolvendo o samba paranaense, que nunca teve um porto seguro constante. A gente não pensa somente em reunir músicas para gravar um CD, mas sim reunir pessoas que tenham um mesmo objetivo musical. Abrir espaço para que os compositores possam mostrar a sua arte, independente de cd, rádio, essas coisas.
(BB):  A primeira edição do projeto (2010) teve um formato. Em 2011 continuaram com os mesmos objetivos?
(RS):  Mudou bastante o foco. Em 2010 montamos uma banda que fazia a base, o apoio, dava o suporte enfim, para os compositores que inscreviam os seus sambas pelo site previamente, e uma vez por mês fazíamos a eliminatória, em forma de competição, tipo festival.  Hoje diminuímos consideravelmente o cunho de competição. Os sambistas inscrevem suas obras no dia mesmo (toda a segunda-feira, a partir das 19h30, no Canal da Música). E não existe mais a obrigatoriedade de se escolher uma música por mês. As escolhas são constantes e quem julga é a nossa comissão organizadora mesmo, escolhida entre os próprios sambistas (além de Ricardo e Xande, fazem parte da comissão os músicos Cláudio Peba e Bruno)
(BB):  E por que essa mudança? Quais as vantagens?
(XC):  O objetivo é a fidelização das pessoas ao projeto,  e não que venham aqui só uma vez, só para entrar no cd, e nunca mais apareçam, como já aconteceu.  Hoje as pessoas vêm aqui, participam mais, convivem...
(BB):  Já existe repertório escolhido para um novo CD? E verba para gravá-lo?
(RS):  Já temos condições de gravar outro CD. Financeira e de repertório. E agora de forma independente, não mais pelo projeto. A verba do patrocínio acabou em abril de 2011. Mas a ideia é seguirmos pelo menos até o final de novembro, para escolher as 12 músicas da etapa 2011. Nossa intenção é de ter um registro de áudio por ano. O ideal é fechar em janeiro e gravar. E até junho colocar no mercado.
(BB):  E o disco de lançamento?
(XC):  Somos suspeitos em falar, mas ficou exclente. Sambas muito bons, muito bem arranjados e executados. Tudo de primeira. Vai de encontro com a nossa maior intenção que é mostrar que existe um samba paranaense, que não deve nada para ninguém. Quem for ao Canal da Música, no dia 28 (sexta próxima), poderá conferir de perto.
(BB):  E o futuro do projeto?
 (RS):  Nosso objetivo é de sempre crescer, em participação e em qualidade. Para 2012, tentaremos encontrar apoio e financiamento para a ideia de levar o projeto para o interior do Paraná. Quem sabe possamos conseguir novamente algo baseado na LIF. Enquanto isso, todas as segundas, às 20h, no Canal da Música, o samba vai continuar rolando solto. E todos estão convidados.


Waltel Branco

Maé da Cuíca



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