terça-feira, 14 de dezembro de 2010

TERÇA FEIRA. "DIA DE POESIA"


Hoje é terça-feira, "DIA DE POESIA". Trago para o deleite dos amigos um pequeno pedaço da obra do gaúcho Mario Quintana, e da curitibana Alice Ruiz. Poesia da melhor qualidade.          
             

Mario Quintana, (Mario de Miranda Quintana), poeta gaúcho, nasceu em 30 de julho de 1906, na cidade de Alegrete, situada na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Aprendeu a ler e escrever com seus pais, e nas páginas do Correio do Povo, jornal onde trabalharia por muitos anos.



O MAPA 

   
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(É nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Mario Quintana




            Alice Ruiz, poeta curitibana. Foi casada com Paulo Leminski, outro grande nome da poesia paranaense e brasileira. Compositora, tem mais de 50 músicas gravadas, algumas em parceria com grandes nomes da MPB, como Zélia Duncan, Arnaldo Antunes e Zeca Baleiro. Apresento a letra da canção “Socorro”, de Alice e Arnaldo Antunes.



SOCORRO

Socorro, não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
Me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
Já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa.
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva.
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido,
Em qualquer cruzamento,
Acostamento, encruzilhada,
Socorro, eu já não sinto nada.

Alice Ruiz / Arnaldo Antunes


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