quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DO "CABEÇA": O primeiro Atletiba a gente nunca esquece


O PRIMEIRO ATLETIBA A GENTE NUNCA ESQUECE


       Domingo tem Atletiba, no Couto Pereira. O primeiro de 2011. Em homenagem a um dos maiores clássicos do futebol brasileiro, o “Histórias e Estórias do Cabeça” fala sobre um deles, que aconteceu em 01/05/1989, minha estréia com a camisa alviverde.
                O Coritiba, para minha alegria, havia adquirido meu passe junto ao Grêmio, de Porto Alegre. Apresentei-me ao clube em 15/04/89, me juntando a um grupo fantástico de atletas, muitos deles já companheiros de outros clubes, como o lateral Dionísio e o goleiro Toinho. O treinador, na época, era Edu Coimbra (irmão de Zico). Após duas semanas de trabalho forte, para recuperar a condição física e me entrosar com os companheiros, chegou o dia da estréia. E seria em um Atletiba.
                 A equipe titular, naquele momento, do meio para frente, era: Marildo, Osvaldo, Carlos Alberto Dias e Tostão; Chicão e Kazu (Sérgio Luis). A dúvida de todos era em que posição eu poderia ser escalado. Na semana do clássico, Edu Coimbra chamou Osvaldo e eu, para uma conversa em sua sala, quando expôs a idéia de usar-nos como os dois meias mais recuados da equipe. Osvaldo seria o primeiro e eu o segundo volante. Com Carlos Alberto Dias e Tostão mais à frente. Argumentei que, mesmo não sendo minha posição original, via com bons olhos aquele formato, e que poderia contar com meu esforço para adaptar tal esquema. Osvaldo também concordou, dizendo que somente precisaríamos de um tempo para o entrosamento naquela maneira de atuar. Estava selado o destino da formação do mais qualificado meio-campo em que joguei.
                Edu nos disse que iria treinar esta formação uma vez, na semana que antecedia o clássico, em um treino fechado. Mas nos alertou que, por ser Atletiba, não iria iniciar o jogo daquela forma. Eu começaria no banco, já que era a minha primeira partida pelo clube, e que na segunda etapa, ele me colocaria nesta função, o que certamente surpreenderia o adversário. E fomos para os treinamentos da semana, e fizemos um “coletivo” com a formação idealizada pelo nosso técnico. Mesmo com alguns problemas de posicionamento na marcação, o resultado foi satisfatório.
                Na equipe do Atlético, daquele ano, jogava o fantástico meia Marquinhos Benatto, meu ex-companheiro de Pinheiros, amigo, compadre, irmão. Nos dias que antecederam o Atletiba nos encontramos com freqüência, pois morávamos no mesmo bairro (Bacacheri). E nas “provocações” de costume, apostamos o churrasco que aconteceria depois da partida, na casa da minha sogra, onde comemoraríamos o meu retorno à Curitiba e a estréia no Coxa. Quem perdesse pagava a conta. Ele, curioso, queria saber se eu entraria de início, ou ficaria no banco. Desconversei, dizendo mil coisas erradas, em forma de brincadeira.
                E chegou o 1º de Maio, dia do Atletiba. Primeiro tempo todo do Atlético, que dominava o jogo, mas o placar ficou em 0x0. Edu escalou a equipe do Coritiba de forma muito ofensiva, com Osvaldo, Carlos Alberto Dias e Tostão, no meio; Sergio Luis, Chicão e Kazu, no ataque. No intervalo, nosso técnico me disse para me manter aquecido, que aos 15 minutos da segunda etapa eu entraria no jogo. A partida recomeçou e o domínio do rubro-negro aumentou. Por volta dos 10 minutos, o Atlético fez 1x0. E mandava na partida.
                Lá pelos 15 minutos Edu me mandou acelerar o aquecimento, deu-me as orientações já previamente treinadas, e me mandou à luta. Com o coração aos pulos, ouvindo a torcida gritar meu nome, me posicionei para entrar em campo, na lateral do gramado, bem ao lado do Marquinhos Benatto. Em tom de brincadeira, ele sorriu e disse que já sentia o gosto do churrasco da aposta. Retruquei que ainda era cedo, que eu estava entrando para mudar as coisas. Eram passados 20 minutos do segundo tempo. E o que aconteceu foi surpreendente. Viramos o jogo, com gols do zagueiro Berg, aos 23 minutos; e de Tostão, aos 24. Eu havia tocado apenas uma vez na bola e em quatro minutos após entrar no gramado, já vencíamos por 2x1. A torcida enlouqueceu nas arquibancadas. Os atletas do Atlético se enervaram com a situação e minutos depois tiveram um atleta expulso. Daí em diante, foi só tocar a bola e deixar o tempo passar. Fim de jogo. Ganhei o churrasco e a aposta. E nascia um time que certamente foi um dos melhores da história do Coritiba. Ao lado de companheiros excepcionais, na bola e na vida, ganhamos aquele campeonato e pudemos viver momentos mágicos e inesquecíveis, que estarão guardados, para sempre em nossos corações.

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