sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

SEXTA É O DIA DO: "PARA SE PENSAR"


O ATLETA É QUE É A ALMA DO JOGO


Uma das atitudes que mais me impressiona no futebol atual é a passividade com que os atletas de futebol aceitam os calendários a eles apresentados, em especial a famosa “pré-temporada”. Gostaria imensamente que os responsáveis por tais calendários  se manifestassem e me convencessem que os 10 ou 12 dias de preparação, depois do retorno das férias de 30 dias, são suficientes para colocar qualquer atleta em condições de disputar os 90 minutos de uma partida oficial, como ocorre atualmente.
                Até quando atletas que custam milhões de reais aos seus clubes terão que se submeter a esta verdadeira “tortura”, arriscando sua integridade física e por conseqüência, suas carreiras? Falo com conhecimento de causa, pois já participei de inúmeras pré-temporadas. E o que mais me preocupa é que nesses 14 anos que se passaram desde que encerrei minha carreira, a intensidade do jogo aumentou consideravelmente, exigindo dos atletas atuais uma condição física muito mais apurada. Portanto, deveriam ter um treinamento inicial de maior qualidade, para suportarem a carga de um ano inteiro de competições exaustivas e desgastantes.
                Porém o que se vê é justamente o contrário: hoje se tem muito menos tempo para as pré-temporadas que antes. Isso pode ser - e creio que seja - uma das justificativas para tantas lesões musculares e de articulações que ocorrem no futebol brasileiro atual. As férias regulamentares dos atletas de futebol iniciam-se, em geral, nos primeiros cinco dias dos meses de dezembro e duram até os primeiros cinco dias dos meses de janeiro posteriores. Como os campeonatos regionais (primeira competição oficial do futebol brasileiro) começam por volta do dia 15 de janeiro de cada ano, os jogadores têm menos de 15 dias para se prepararem para disputar 90 minutos de uma partida oficial. É possível realizar somente três substituições nos jogos oficiais, portanto, em cada um destes, no mínimo oito atletas serão obrigados a atuar o tempo todo. E como maior agravante, nestes regionais os jogos geralmente acontecem três vezes por semana, o que praticamente não permite que se dê aos atletas a preparação necessária.
                Creio ser mais do que necessário um estudo sobre esta situação. Torna-se primordial que os grandes profissionais da preparação física sejam consultados sobre o tema, e através destes apontamentos, possa se corrigir esta grave falha que se comete contra os atletas, e sendo assim, contra o próprio futebol brasileiro. Que o sindicato dos atletas profissionais de futebol se posicione com firmeza contra este abuso, defendendo os interesses dos seus afiliados, exigindo o prazo mínimo necessário para que os jogadores possam se preparar adequadamente. E os calendários que se ajustem. O atleta é que é a alma do jogo.

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